Haverá sempre barreiras e obstáculos entre onde estás atualmente e onde queres vir a estar, mas se a tua força de vontade for grande, irá sempre superar. Provavelmente irás gastar muito tempo e dinheiro com os obstáculos que te surjam, e podes até conseguir ultrapassar a maioria deles, no entanto, no dia em que encontrares uma barreira ou um obstáculo que seja maior do que a tua força de vontade, tenderás a desistir. Esta é a má notícia. Os obstáculos que encontrares podem ser intimidativos, podem atrasar-te no caminho do teu objetivo, podem ser difíceis, podem dar-te dores de cabeça, e é quando menos esperas que eles aparecem, e facilmente podes perder o rumo.
As nossas vidas são o somatório das nossas decisões.
Albert Camus
E é assim que começamos o artigo de hoje.
Todos nós detestamos perder coisas, é da própria natureza humana. Desde a altura em que perdemos o nosso primeiro dente percebemos que a perda causa sofrimento, por isso mesmo não gostamos de perder dinheiro ou de desistir dos nossos projetos, em suma, detestamos perder.
A aversão à perda significa que damos mais valor ao que temos a perder do que ao que podemos ganhar.
Damos mais valor ao que temos a perder do que ao que podemos ganhar.
Desconhecido
Esta aversão à perda significa igualmente que a forma como se formula uma pergunta afeta o resultado. As escolhas envolvem, frequentemente, compromissos. Pergunta a ti próprio do que precisas de abdicar para tomares uma decisão. De seguida coloca a pergunta de maneira diferente, imagina que não possuis aquilo que deves abdicar, quanto pagarias para a comprar?
Temos que ter conhecimento da nossa aversão à perda de coisas, mas claro que o conhecimento por si só não irá tornar o processo mais fácil.
Se não tens conhecimento da tua aversão à perda, estarás sempre receoso com as barreiras e obstáculos que se vão deparar no teu caminho, e se é assim que pensas, está na hora de mudares a tua visão. As barreiras e os obstáculos estão lá por um propósito muito definido: separar a inconsequência e a paixão.
Estabelecer objetivos
É imprescindível que ao iniciares um novo desafio, definas muito bem os objetivos do mesmo, esse conjunto de objetivos é o que te confere um caminho de orientação para as tuas decisões, no sentido que progridas numa direção. Os objetivos explicam-te o que pretendes alcançar com o teu desafio, com um carácter temporal. Estes são essenciais na gestão do teu desafio, na medida em que esclarecem onde queres chegar e como podes avaliar se o estás a conseguir.
Deves ter sempre em consideração que os objetivos devem respeitar os 5 critérios SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant e Time Bound):
É a partir daqui que os obstáculos e as barreiras surgem.
Ora, vamos supor que queres criar um produto novo tipo um TODO List e que o teu objetivo é: atingir 10 clientes no prazo de 1 ano. Se formos analisar, esse teu objetivo:
- Específico: Sim , pois diz claramente o que é;
- Mensurável: Sim, pois consegues validar se conseguiste ter a quantidade de clientes, no caso 10;
- Atingível: Sim, pois o objetivo está ao teu alcance, não sendo complexo de atingir;
- Relevante: Não, ele não tem um elevado grau de desafio, o que torna o objetivo estabelecido simples, acredito que muitas pessoas consigam lá chegar. Na outra face está, quanto mais complexo, mais difícil é de concretizar esse objetivo;
- Temporal: Sim, é especificado um período de tempo, no caso 1 ano;
A força de vontade
A maioria das pessoas, quando se depara com uma barreira ou um obstáculo, o que fazem é desistir. É por isso que vemos inúmeros divórcios, negócios que não vingam, entre outros exemplos. Quantos aqui se enquadram no que disse? Quantos mais se irão enquadrar?
Quem vos garante que se tentarem ultrapassar esse obstáculo não terão sucesso?
O que importa é ter alguma compostura e perspetiva perante essa barreira / obstáculo. Não se deixem enredar pelo desfecho a curto prazo, porque o que acontece a longo prazo pode ser bem diferente.
Se ficarmos demasiado presos nos desfechos de curto prazo não conseguimos perceber que podem tornar-se diferentes a longo prazo.
Há uma história que diz o seguinte:
Certa vez havia um sábio agricultor chinês perdeu um dos seus cavalos.
Quando o vizinho foi consolá-lo, o agricultor disse:
“Quem sabe o que é bom ou mau?”Quando o cavalo dele voltou no dia seguinte, trazia consigo um bando de outros cavalos que lhe seguiram, o vizinho foi felicitá-lo pela sua boa fortuna.
“Quem sabe o que é bom ou mau?”, disse o agricultor.Quando então o filho do agricultor partiu a perna ao tentar montar num dos novos cavalos, o vizinho foi consolá-lo de novo.
“Quem sabe o que é bom ou mau?”, disse o agricultor.Quando o exército passou convocando os homens para a guerra, deixaram o filho do agricultor por causa da perna partida.
Quando o vizinho foi felicitar o fazendeiro pelo facto do seu filho ter sido poupado, de novo o agricultor disse:
“Quem sabe o que é bom ou mau?”Quando podemos esperar que esta história termine?
Desconhecido
Por outro lado, tendemos sempre a considerar apenas um único desfecho possível, como o vizinho do agricultor, em vez de considerar todos os desfechos possíveis. Se fores um pessimista, tenta obrigar-te a pensar no melhor desfecho, pois no reverso, os outros irão sempre partir do princípio que as coisas correm sempre bem. Se fores um desses otimistas, tenta pensar no que poderia correr mal.
Tentar, falhar e Continuar
É mais que sabido, que uma pessoa que tenta, falha e continua tem mais valor que aquela que tenta, falha e para. Ninguém toma decisões sem cometer erros, porém não se deve repetir o mesmo erro duas vezes. Não é preciso ir muito longe, lanço-vos o desafio de responderem a esta questão, aprenderam mais nos vossos projetos de sucesso, ou naqueles que cometeram vários erros?
Provavelmente a maioria vai responder nos projetos em que erraram. Pois o “erro certo” ensina-nos mais que todo o sucesso no seu conjunto.
O problema é que à medida que envelhecemos e nos tornamos mais experientes, sentimos orgulho no facto de cometermos cada vez menos erros. Somos bons no que fazemos e isso significa não fazer asneiras, certo?
O problema é que, quanto menos erramos, menos aprendemos. Para se ser bom em algo, para nos distinguirmos dos demais, regra geral, é preciso cometer erros.
Analogia
Para melhor percebermos toda esta questão, podemos usar uma analogia engraçada, quem é que nunca jogou ao Sonic? No final de cada nível existia sempre o boss final (chefão, para os meus amigos brasileiros), o boss é mais complicado de vencer, regra geral, que o próprio nível.
Se considerarmos as barreiras e os obstáculos o boss final do nosso nível, podemos prepararmo-nos para ele, estudando-o e definindo uma estratégia para o derrubar. Tornando-nos mais fortes para as adversidades seguintes.
Conclusão
Podemos assim concluir que as barreiras ajudam-nos a filtrar quem realmente merece atingir os objetivos. Ajudam-nos a eliminar a concorrência, pois se o objetivo é mensurável, com um elevado grau de desafio mas realista e atingível, é um factor de distinção para quem o alcançar.
Espero que comecem a ver os obstáculos e as barreiras de outra forma, principalmente que não os vejam como vossos adversários, e sim como aliados, pois são estes que vos permitem evoluir e a tornarem-se melhores.